Diálogo no1 | Dialogue no1
Dialogue no1
Sandra Baía, João Penoni
(PT)
Diálogo n.1, reúne obras dos artistas Sandra Baía (Portugal) e João Penoni (Brasil). Esta exposição tem como subtítulo Luz Aura Reflexo e mostra a relação existente entre as criações desses dois artistas contemporâneos.
Sandra Baía utiliza-se do próprio corpo em seu processo artístico no ateliê, com materiais industriais, metálicos e reflexivos, como o aço inoxidável, o acrílico e ligas metálicas, torcendo-os, cortando-os e remontando-os. Baía explora a tridimensionalidade de esculturas e instalações site-specific onde vemos refletida nossa imagem e o entorno distorcidos através de seus espelhamentos amorfos e abstratos. O embate do espectador com a potência física e a luminosidade inerente às obras de Sandra colocam em questão as condições humanas de intimidade e distanciamento, influenciados pelas alternâncias de escalas e dimensões utilizadas pela artista, pelo minimalismo conceitual e abstração física, de tal forma a considerar o equilíbrio entre o mundo interior e exterior num diálogo consigo mesmo e na relação com seus arredores.
João Penoni também utiliza-se do próprio corpo em suas performances, vídeos e fotografias. Em sua fase mais recente, intitulada “Auriluz”, o artista cobre-se e movimenta-se com mantas metálicas e reflexivas. Em suas fotos de longa exposição, o artista registra seu corpo em movimento com o material, criando uma massa de energia e cor que parece não aquietar. As imagens se assemelham a formas luminosas, santificadas, de um corpo-aura, corpo-energia. Penoni, em sua condição de “homem-natureza” e ao mesmo tempo imerso em sua contemporaneidade, faz uso de aparatos mecânicos e tecnológicos para documentar seu processo artístico e colocar em questão a transição, o rastro e a metamorfose.
Nos processos e nos resultados criativos de Sandra Baía e João Penoni estão contidas característica humanas e etéreas, em diálogo com a materialidade de suportes utilizados na indústria e na tecnologia. Em ambas representações artísticas são colocadas questões contemporâneas através do corpo, presente e ou refletido pela obra, pela energia, brilho e luminosidade, e pelo espelhamento e representação de nossa própria imagem. O corpo, a obra, o espaço, o outro, a natureza o dentro e o fora; lugares fixos e transitórios, experiências sensoriais de alternância física e espacial e de novas formas de relacionamento com o mundo são forças criativas que atuam em conexão com a essência de vida, com a natureza e seu entorno, mas que ao mesmo tempo geram contrastes e estranhamentos entre os ambientes escolhidos para suas obras e seus “corpos-luz”.
Texto de Gabriela Maciel
(EN)
Dialogue was born out of the interest in the cultural interchange between contemporary artists from all around the world, especially from the Brazil- Portugal axis, and South America and Europe, strengthening a creative connection between the countries and continents concerned. Forits first edition, Dialogue No.1, which debuts on 28 th January, 2017, the worksof artists Sandra Baía (Portugal) and João Penoni (Brazil) were chosen. The title of this exhibition is Luz Aura Reflexo (Light Aura Reflex), and shows the relation between the productions of these two contemporary artists.
Sandra Baía was born in 1968, in Lisbon, Portugal. João Penoni was born in 1983, in Rio de Janeiro, Brazil.
Sandra Baía makes use of her own body in her artistic process, choosing industrial materials, metallic and reflexive such as stainless steel, acrylic and metal alloys, twisting and bending, cutting and reassembling them. Baía exploresthe three-dimensionality of sculptures and site-specific installations where we see our image reflected and the surroundings distorted through its amorphous and abstract reflections.
The spectator's clash with the physical power and luminosity inherent to Sandra's work calls into question the human nature of intimacy and distance, influenced by the alternations of scales and dimensions used by the artist, by conceptual minimalism and physical abstraction, in a way as to consider the balance between the inner and outer worlds in a dialogue with oneself and in the relationship with his surroundings.
João Penoni also uses his own body in his performances, videos and photography. During his most recent period, entitled Auriluz, the artist covers himself and moves around with metallic and reflexive blankets. In his long-exposure photography, the artist registers his body in movement wearing the blanket, creating a mass of energy and color that does not seem to quieten down. The images resemble luminous, sanctified forms of a body-aura, body-energy. Penoni, in his condition of "man-nature" and at the same time immersed in his contemporaneity, makes use of mechanical and technological devices to document his artistic process and to question transition, trace and metamorphosis.
In the processes and creative results of Sandra Baía and João Penoni are contained human and ethereal features, in dialogue with the materiality of supports used in industry and technology. In both artistic representations, contemporary questions are put through the body, present and/or reflected by the work, energy, brightness and luminosity, and by the mirroring and representation of our own image.
The body, the work, the space, the other, nature, the inside and the outside; fixed and transitory places, sensorial experiences of physical and spatial alternation and new forms of relationship with the world are creative forces that act in connection with the essence of life, with nature and its surrounding, but that at the same time generate contrasts and estrangement between the setting chosen for his works and his "light-bodies".
Text by Gabriela Maciel